Quando o telhado dos outros desaba


A Teologia da Prosperidade sempre deixa quem a segue num beco sem saída. Senão, veja como ela lida com a questão do sofrimento. Para os teólogos desse movimento “nova eriano”, sofre 1) quem está em pecado, 2) os ímpios e 3) quem se desviou. Para eles, ser crente é um salvo conduto para a felicidade plena, a saúde plena, o poder pleno e a riqueza plena – desde, claro, que sacrifiquemos muito dinheiro (de preferência, tudo) no altar da denominação. O problema é que essa concepção de vida cristã não resiste à prova da realidade. Sobretudo, quando uma tragédia se abate sobre... crentes que se preparavam para cultuar ao Senhor. A realidade é a maior inimiga da Teologia da Prosperidade. Quando o teto da Sede da Igreja Renascer em Cristo desabou, seus líderes, aturdidos, soltaram uma nota que fala em sofrimento que aprimora a vida, no Deus Soberano que socorre os aflitos e na dor da perda de quem a gente ama. Eles, enfim, acertaram. Dói ver a dor de quem perdeu entes queridos, o rosto retorcido de angústia dos bispos e pastores da denominação, a tragédia sendo usada pelos inimigos do povo de Deus para hostilizar a Igreja do Senhor Jesus. Os fundadores da Renascer aprenderam o que a gente sabe lendo a Palavra: tragédias acontecem na vida de crentes, de crentes fiéis, de desviados, de ímpios e de não crentes. A chuva cai sobre justos e injustos. Uma aflição também. A torre do Templo caiu e matou alguns galileus. Vieram anunciar o ocorrido a Jesus – como querendo acusar os mortos de terem sido castigados por algum pecado cometido. Jesus afirmou que, se a gente não se arrepender, todos pereceremos. Com torre caindo ou não, somos todos iguais – carentes da Graça do Senhor e vulneráveis aos sem número de circunstâncias adversas. Não dá para acusar quem já está sofrendo demais de “falta de fé” ou “de estar em pecado”. Isso é coisa de fariseu, de amigo de Jó. A Igreja Renascer em Cristo já está sofrendo demais. Talvez nunca mais se recupere. Acusar ela e a seus líderes por mais esse dissabor é coisa para jumentos intelectuais.

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