São, mas não parecem


Conta-se que, no século XIX, o filósofo ateu Friedrich Nietzsche repreendeu um grupo de cristãos: “Vocês me dão enjôo!” foi o resumo de sua reclamação. Quando seus ouvintes perguntaram o porquê, Niestzsche respondeu: “Porque vocês, redimidos, não parecem que são redimidos!” O que nos torna passíveis, ainda hoje, de repreensão de um ateu é essa imensa capacidade que a igreja contemporânea tem de ser irrelevante por causa de sua hipocrisia. Não são todos os ministérios cristãos, mas a maioria dos cristãos parecem o que não são ou são o que não parecem. Muitos nascidos de novo vivem pior que os não nascidos. Dá enjôo mesmo, ver quem deveria ser luz do mundo e sal da terra sendo propagador de trevas e virando uma cocadinha de sal do mundo. Pior que a mente de um ateu só a mente adoecida de um cristão legalista. Criticamos a idolatria, os pecados sexuais, a ganância e a egoísmo dos não crentes, mas as nossas igrejas estão cheias de soberbos, presunçosos, vaidosos, covardes e caluniadores. Falamos que somos livres em Cristo, mas nunca se viu tantos “cristãos” neuróticos, esquizofrênicos e psicóticos. O mundo está perdido? A igreja também não se acha, apesar de se achar. Nunca na história da igreja a gente falou tanto de Boas Novas que, na prática, não são novas nem boas para os que a experimentam. Tem muitas línguas estranhas, muitos dons, muitas quedas santas, muitos moveres – mas, sinceramente, o mundo já não vê mais diferença entre ele e a igreja. Estou sendo pessimista? Estou exagerando? Não. Basta você olhar ao redor no culto da próxima vez que for a uma reunião. As pessoas estão todas ali, apropriadamente vestidas – muitos, entretanto, está gritando por dentro: deprimidas, chocadas, pecadoras, perdidas. A religião tem esse poder maligno. O poder de fazer a gente pensar é quando nunca foi ou está sendo errado.

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